Estou fazendo uma proposta aos blogueiros de plantão. Para comemorar os 74 anos de Londrina, que tal contarmos coisas e fatos sobre nós ou nossa família e sua contribuição para com essa cidade. Eu vou começar falando sobre meu pai:
Angelo Guaracy Rostirolla, mais conhecido como Guaracy, era um gaúcho de Soledade (RS) que saiu de casa aos 15 anos, foi estudar em Porto Alegre e ainda no Rio Grande do Sul investiu em seu primeiro empreendimento, uma olaria (fábrica de tijolos). Depois foi para o Rio de Janeiro e conseguiu emprego na IBM, em uma época em que falar de computador era a mesma coisa que dizer que o homem um dia iria à lua (risos). Ninguém acreditava.
Ganhou muito dinheiro por lá , mas não conseguia ficar parado. Então arrumou trabalho como representante de uma indústria farmacêutica e descambou para o norte do Paraná viajando de teco-teco por toda essa região. Foi quando veio para Londrina (década de 50) e enquanto trabalhava na região conheceu e casou-se com minha mãe e com ela teve três filhos.
Apesar de aventureiro, sempre foi um filho e irmão preocupado com a família e quando minha tia Judith ficou viúva trouxe-a para Londrina, com seus quatro filhos. Foi quando instalou aqui a primeira perfumaria da cidade. Minha tia tomava conta enquanto ele pegava várias representações de indústrias do Sul. Vendia desde alfinete de latão e furador de papel da Bachi, chocolate da Sonksen, fogão a lenha, ferramentas agrícolas, até champagne Georges Aubert, entre outros, sempre com o mesmo sorriso e a mesma alegria de viver. Aliás, ele dizia que o segredo para um bom vendedor e representante comercial era estar sempre sorrindo. "Minha filha, o sorriso é a alma do negócio." E que sorriso ele tinha.
Como intelectual e muito politizado estava sempre nas rodas falando dos assuntos comuns à cidade. Comíamos na Churrascaria Gaúcha, íamos ao CTG que era próximo da nova rodoviária, comprávamos roupas nas Lojas Fuganti e tecidos no Chafic, em uma época em que ainda não havia calçadão e a prefeitura era onde hoje é o Bradesco, ali perto do edifício Julio Fuganti. E ali onde hoje é a rotatória vimos surgir muitos políticos que, em cima de caminhõezinhos, tipo caminhonete F4000, faziam seus discursos. Só eu gostava de acompanhar meu pai para os comícios...rsrs... se é que se podia chamar aquilo de comício.
Entre os amigos era conhecido como o raposa branca...rs... Um amigo dele que eu chamava de mãe quando ainda era bebê me contou o porquê do apelido: ele era muito paquerador e tinha uma voz e uma lábia, pra completar. Eu acreditei nele...rs Lembro-me de um dia andando pelo calçadão, eu estava com uns 14 anos, e meu pai que conhecia todo mundo, de longe vinha avisando com pompa: É minha filha. É minha filha. Até hoje lembro e dou risada. Ele estava preocupado...rs Pois é, meu pai era um cara muito querido e eu tinha o maior orgulho dele, assim como tenho de Londrina, esta cidade que o acolheu e que o fez plantar raízes das quais, tenho certeza, ele sempre se orgulhou.
Tenho muito mais histórias sobre esse homem fabuloso e sua vida nesta cidade também fabulosa, mas vou deixar para um outro dia.