Claro que tudo que estarei expondo é a minha opinião e é sobre o que estou passando. Esse é o meu diário e decidi colocá-lo no meu blog e não no Facebook para que somente quem realmente quiser ler, acesse o link.
E já que é um diário, vou escrever como se fosse um capítulo. Vai ser o início de uma conversa que parte de um ponto atemporal, como se eu puxasse uma fio solto em um tapete que estivesse desfiando. É isso. Vou fazer de conta que minha vida é um tapete. Quem sabe ao final descubro se era um persa ou apenas de retalhos.
Mas prestem bastante atenção. A intenção não é me fazer de coitadinha. É um alerta para mim. Estou tentando rearranjar minha vida naquilo que sei fazer melhor, que é escrever. E pode ser que assim, eu também possa ajudar outras pessoas.
Vou começar por hoje, dia 24 de fevereiro de 2015. Fui ao meu médico psiquiatra, mais uma vez, porque, apesar de estar medicada e tentando me equilibrar e me acalmar, as crises de ansiedade e de pânico... Ah, esqueci de dizer... Meu diagnóstico é Síndrome do Pânico e Depressão Crônica Moderada. Bom, voltando ao que estava dizendo, as crises estão cada vez mais frequentes e mais fortes. Qualquer fato é motivo para desencadeá-las. Se alguém discute perto de mim. Se alguém me convida para sair. Se tenho que sair para pagar uma conta. O mais simples ato de ter de ir ao mercado fazer uma compra já me deixa paralisada. Ir trabalhar é complicado, apesar de amar o que faço.
Mas falando assim, parece que todas as causas são internas. São de mim para o mundo. Não é verdade. Para eu chegar a esse ponto são, pelo menos, 20 anos de problemas que foram se acumulando. É muita insônia. É muita responsabilidade. É muito tempo sendo o pilar e a fortaleza para os(as) que estavam ao meu redor. Assumindo coisas que, muitas vezes, estavam além da minha capacidade, mas que eu tinha que dar conta. E eu dei.
E tem o outro lado também, em que você se exige demais. Você quer ser competente demais. Você ama o que faz e sente prazer em ver um trabalho concluído e acaba não percebendo o quanto você é usado por isso. Quantos textos fiz, quantos jornais, quantos cursos dei, sem nunca cobrar um tostão. Quantas horas... Ainda bem que ainda tem gente que reconhece. Que respeita. E é por isso que sei que tenho grandes amigos(as).
Mas voltando ao dia de hoje. Fui ao médico. Cheguei lá passando mal. Dor de barriga. Tremedeira. Suador. Todos os sintomas da crise de ansiedade. Puta merda. Só porque estava indo ao médico. E ele me deu um atestado longo (não vou dizer o tempo porque ainda tenho de passar por perícia, talvez no próximo capítulo do meu diário) e eu não queria precisar de um atestado. Isso porque eu já tive uma licença de dois meses em dezembro e janeiro e voltei a trabalhar há um mês. E nos fatores externos isso pesa, também. A acolhida a uma pessoa que está com depressão, também tem peso na recuperação.
Tudo tem peso. E cada dia é uma batalha. Parece que vou explodir e tenho que me segurar. As pessoas que estão próximas de você que sempre dependeram de suas decisões e de seu apoio, muitas vezes, continuam a cobrar o seu empenho e não conseguem entender que é você quem está fragilizada. Os problemas se acumulam. É falta de grana. É falta de amor. É se sentir feia. É estar só em meio à multidão. É não sentir vontade de cantar - uma das coisas que mais amo fazer e que, inclusive, nos momentos mais terríveis da minha vida, como quando estava em uma cadeira de rodas, nunca deixei de fazer.
Somando tudo isso, vem ainda um sentimento de que tudo é culpa minha. De que eu sou uma bosta. De que eu sou culpada da situação em que me encontro. Eu cavei o buraco bem fundo, me joguei lá dentro e não consigo sair. E não me acho no direito de encher o saco de ninguém para ficar pedindo que me tirem de lá.
Mas também não concordo que quem não gosta de mim, queira me empurrar mais ainda. Quem não gosta de mim, peço que me deixe em paz.
Vou parar por aqui e deixar para o próximo Diário da Depressão - dia 2.
Por Lorena Pires Rostirolla
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