PENSO, LOGO, BLOGO!

Blog inserido no debate político e de fatos importantes do Município de Londrina (y otras cositas más), que pretende trazer a visão desta jornalista e cidadã londrinense. Lorena Pires Rostirolla (MTB/PR 2.943)

25 de fev. de 2015

Caminhoneiros! Tamo junto, de verdade, ok?



Ô gente! Vamos falar sério. Vocês querem discutir a greve dos caminhoneiros? Querem ajudar esses trabalhadores na sua luta e que melhorem suas condições?

Então vamos fazer mesmo a discussão.

A parcela que é responsabilidade do Governo Federal deve ser cobrada, a que é do Governo Estadual, também, e a do "Senhor" Mercado, idem. Mas não nessa discussão rançosa político-partidária. Percentualmente temos o problema do "DIESEL" (é claro que esse é um problema para o dono do caminhão que tem, como único sustento, o seu caminhão, mas para o PATRÃO/MERCADO é uma desculpa para não aumentar o frete e o piso salarial do empregado/motorista).

E até nesse caso, a culpa é dividida entre produtor (Petrobrás ou outro agente produtor), governos federal, estadual, distribuidor e revendedor.

Na tabela o preço é composto assim:

55% = o produto diesel
05% = o produto biodiesel (desde janeiro de 2008, é obrigatório que todo o óleo diesel automotivo vendido no Brasil seja misturado com biodiesel, um combustível renovável produzido por usinas (privadas ou da Petrobras) a partir de óleos vegetais ou gorduras animais. Esta regra é estabelecida pelo Conselho Nacional de Política Energética (CNPE), através de Resoluções. FONTE: site da Petrobrás
08% = tributos federais (CIDE e PIS/PASEP e COFINS)
13% = tributo estadual (ICMS)
19% = distribuição e revenda

Passando à fase do combustível, vamos às estradas.

Aí temos novamente os três culpados: União, Estados, Setor Privado (entenda-se aqui: PEDÁGIOS).

Só quem está nas rodovias para saber o que é andar nos confins desse Brasilzão.

Ah... Lorena... Mas do que você está falando. Bom. Meu ex-marido é carreteiro. Meu filho mais velho foi caminhoneiro durante sete anos e desistiu dessa vida em janeiro. Eu já viajei de caminhão. Faz muito tempo...kkk... Mas já viajei. E meu filho mais novo viaja muito com o pai. Vocês, não? É uma boa experiência. Às vezes, sofrida. Às vezes, aventura. Muito risco. Muitos buracos. Pouco lugar para parar com segurança.

Há pouco tempo, meu filho fez um frete de 50km em uma rodovia estadual e, pasmem, tinha tanto buraco que ele levou três horas para chegar. Carga leve: lata. Aí você pensa: "Mas tem rodovia boa!" Ah... Até tem. Poderia ser melhor, é claro. As pedagiadas com seus preços abusivos, resultado de contratos lesivos ao patrimônio de cada estado, com conchavos entre governos e empresas. Contratos que continham cláusulas que vem sendo descumpridas e que, por meio de recursos jurídicos eles conseguem retardar, impedem que melhorias e duplicações e ampliações que deveriam ser feitas, ocorram.

Enquanto isso, os preços nas praças de pedágio continuam a aumentar. O Paraná tem o pedágio mais caro do mundo na estrada que vai de Curitiba ao litoral paranaense: R$15,40. Aumento autorizado pelo governador Carlos Alberto em 1º de dezembro de 2014. Um carro comum, para ir e voltar, gastaria R$30,80. Mas um caminhão truck (três eixos), gasta R$92,40. E um caminhão pode chegar a ter nove eixos e estamos falando de apenas UM pedágio. Não vou nem falar para atravessar o Estado todo quanto sairia. Imagina de Paranaguá a Foz do Iguaçu. Uiaaaa.

Saindo um pouco do Paraná. No final do ano, fui visitar o meu irmão em Niterói. Quatro adultos e uma criança em um carro de passeio. Ida e volta, gastamos de gasolina cerca de R$ 550,00 e mais cerca de R$ 150,00, em pedágios. Faz aí a conta para um caminhão truck.

Depois disso passemos ao frete. Tudo o que já foi falado incide sobre o valor do frete. É claro que o aumento nas alíquotas do PIS/Cofins e da Cide, em janeiro, gerando um acréscimo de R$ 0,15 no diesel foi estopim da bomba, mas a própria Associação Brasileira de Caminhoneiros (Abcam) afirma que o frete deveria ser o maior motivo da paralisação, porque esse, sim, vem sofrendo uma queda de 37% nos últimos cinco meses.

E o cálculo, por enquanto, fica assim:

Preço do diesel + estradas e pedágios + fretes cada vez mais baixos nos últimos 5 meses (37% -) + cartelização do frete + alto custo manutenção de caminhão ou frota + mais carga a transportar + mesmo número de caminhões + ausência de uma planilha nacional de todos os insumos + baixa remuneração do trabalhador do transporte = ATUAL SITUAÇÃO = GREVE

MAIS AINDA NÃO ACABOU!!!

E O TRABALHADOR?

São milhares de motoristas circulando por rodovias de todo o país. Deixando seus lares, suas famílias. Muitas vezes, ficando dias, semanas, e até meses, distantes. Saindo com carga e destino certos, porém tendo que, ao chegar ao destino e entregar sua carga, esperar e negociar fretes para outros destinos até poder voltar. Quantas vezes meu filho pegou uma carga aqui em Rolândia para Goiânia, de Goiânia para São Paulo, e lá ficou parado - longe da esposa e do filho - durante 10 dias ou mais até conseguir uma carga para voltar para Londrina e conseguir outra carga para seguir na vida de caminhoneiro. Dormindo na boleia do caminhão. Se alimentando mal. Quantos feriados perdidos. Aniversário dele, do filho ou da esposa. E por aí vai.

Uma carga horária de trabalho que, na maioria das vezes, se reduz a fazer com que 10 horas de viagem virem oito ou sete por exigência de patrões que exigem entregas urgentes, mas punem  motoristas que são multados ou os culpam por qualquer problema em seus veículos, como se não soubessem que caminhões estão sujeitos - ainda mais com estradas mal conservadas - a quebrarem e terem problemas. Muitos sendo assaltados. Alguns sendo feridos ou mortos.

E o piso salarial? É uma vergonha. Um dos mais altos é o dos carreteiros: em média R$ 1.600,00/mês. Um motorista de caminhão trucado ganha, em média, R$ 1.300,00/mês. E a maioria não tem auxílio alimentação para a família e nem plano de saúde. Alimentação na estrada é outra coisa, tá? E aí vão dizer. Mas tem a comissão. É... A comissão varia: 2%, 2,2%, 2,5% do valor bruto do frete. Grande coisa com o frete que é ridículo, também. Se a pessoa fizer uma viagem ou duas no mês, com todas as desvantagens que já citei anteriormente, fora outras que nem falei, é de se pensar que cada coisa de que dispomos no nosso dia a dia, são essas pessoas que nos trouxeram. É lógico que não são as únicas. Mas o papel que elas têm merece todo o nosso respeito e nossa solidariedade.

E, com certeza, merece uma discussão muito mais séria de nossa parte. Merece que conheçamos ou busquemos entender sua realidade. Merece que entendamos que outros setores estão usando sua luta e seu sofrimento com interesses golpistas e de lucro, como é o caso das distribuidoras e o cartel de combustíveis promovendo essa demanda louca nos postos aqui em Londrina e em outros lugares. Não estou vendo filas quilométricas nos supermercados e em outros estabelecimentos. Não está um caos em outros comércios. Já falei para minha filha que será um bom exercício usarmos o transporte coletivo urbano.

Merece, também, que entendamos que aqueles que estão contra a democracia que tentamos construir a duras penas, estão utilizando os(as) desavisados(as) de plantão que não conseguem perceber que seu discurso anticorrupção, que exalta o presente e despreza o passado, só reforça a rede que está se formando e polui as mentes que foram embotadas por uma política educacional que nunca privilegiou a formação política e cidadã do povo brasileiro.

Ah... Antes que me esqueça: VOU REPETIR - COMO SEMPRE FAÇO - SOU CONTRA CORRUPÇÃO OU DESMANDO EM QUALQUER PARTIDO, EM QUALQUER LUGAR, COM QUALQUER PESSOA.  A DISCUSSÃO AQUI NÃO É PARTIDO POLÍTICO. ENTÃO NÃO ME ENCHAM OS PICUÁ FALANDO DE PARTIDO TAL E TAL E TAL...

Por Lorena Pires Rostirolla

24 de fev. de 2015

Diário da Depressão - dia 1

Tenho pensado há muito em escrever sobre isso. Primeiro, como uma maneira de tentar entender o que está acontecendo comigo. Segundo, como uma forma de autopreservação da minha sanidade mental. E, terceiro, em uma tentativa de mostrar aos outros como essa doença se processa, como ela pode transformar uma vida, como o(a) outro(a) pode encarar o(a) depressivo. Enfim, o que eu acho da visão de quem convive com quem está em depressão e dos(as) amigos(as) e dos(as)...rsrs..."pseudo"amigos(as), se é que devo usar esse termo.

Claro que tudo que estarei expondo é a minha opinião e é sobre o que estou passando. Esse é o meu diário e decidi colocá-lo no meu blog e não no Facebook para que somente quem realmente quiser ler, acesse o link.

E já que é um diário, vou escrever como se fosse um capítulo. Vai ser o início de uma conversa que parte de um ponto atemporal, como se eu puxasse uma fio solto em um tapete que estivesse desfiando. É isso. Vou fazer de conta que minha vida é um tapete. Quem sabe ao final descubro se era um persa ou apenas de retalhos.

Mas prestem bastante atenção. A intenção não é me fazer de coitadinha. É um alerta para mim. Estou tentando rearranjar minha vida naquilo que sei fazer melhor, que é escrever. E pode ser que assim, eu também possa ajudar outras pessoas.

Vou começar por hoje, dia 24 de fevereiro de 2015. Fui ao meu médico psiquiatra, mais uma vez, porque, apesar de estar medicada e tentando me equilibrar e me acalmar, as crises de ansiedade e de pânico... Ah, esqueci de dizer... Meu diagnóstico é Síndrome do Pânico e Depressão Crônica Moderada. Bom, voltando ao que estava dizendo, as crises estão cada vez mais frequentes e mais fortes. Qualquer fato é motivo para desencadeá-las. Se alguém discute perto de mim. Se alguém me convida para sair. Se tenho que sair para pagar uma conta. O mais simples ato de ter de ir ao mercado fazer uma compra já me deixa paralisada. Ir trabalhar é complicado, apesar de amar o que faço.

Mas falando assim, parece que todas as causas são internas. São de mim para o mundo. Não é verdade. Para eu chegar a esse ponto são, pelo menos, 20 anos de problemas que foram se acumulando. É muita insônia. É muita responsabilidade. É muito tempo sendo o pilar e a fortaleza para os(as) que estavam ao meu redor. Assumindo coisas que, muitas vezes, estavam além da minha capacidade, mas que eu tinha que dar conta. E eu dei.

E tem o outro lado também, em que você se exige demais. Você quer ser competente demais. Você ama o que faz e sente prazer em ver um trabalho concluído e acaba não percebendo o quanto você é usado por isso. Quantos textos fiz, quantos jornais, quantos cursos dei, sem nunca cobrar um tostão. Quantas horas... Ainda bem que ainda tem gente que reconhece. Que respeita. E é por isso que sei que tenho grandes amigos(as).

Mas voltando ao dia de hoje. Fui ao médico. Cheguei lá passando mal. Dor de barriga. Tremedeira. Suador. Todos os sintomas da crise de ansiedade. Puta merda. Só porque estava indo ao médico. E ele me deu um atestado longo (não vou dizer o tempo porque ainda tenho de passar por perícia, talvez no próximo capítulo do meu diário) e eu não queria precisar de um atestado. Isso porque eu já tive uma licença de dois meses em dezembro e janeiro e voltei a trabalhar há um mês. E nos fatores externos isso pesa, também. A acolhida a uma pessoa que está com depressão, também tem peso na recuperação.

Tudo tem peso. E cada dia é uma batalha. Parece que vou explodir e tenho que me segurar. As pessoas que estão próximas de você que sempre dependeram de suas decisões e de seu apoio, muitas vezes, continuam a cobrar o seu empenho e não conseguem entender que é você quem está fragilizada. Os problemas se acumulam. É falta de grana. É falta de amor. É se sentir feia. É estar só em meio à multidão. É não sentir vontade de cantar - uma das coisas que mais amo fazer e que, inclusive, nos momentos mais terríveis da minha vida, como quando estava em uma cadeira de rodas, nunca deixei de fazer.

Somando tudo isso, vem ainda um sentimento de que tudo é culpa minha. De que eu sou uma bosta. De que eu sou culpada da situação em que me encontro. Eu cavei o buraco bem fundo, me joguei lá dentro e não consigo sair. E não me acho no direito de encher o saco de ninguém para ficar pedindo que me tirem de lá.

Mas também não concordo que quem não gosta de mim, queira me empurrar mais ainda. Quem não gosta de mim, peço que me deixe em paz.

Vou parar por aqui e deixar para o próximo Diário da Depressão - dia 2.

Por Lorena Pires Rostirolla

Voltando a publicar

Depois de bastante tempo volto a publicar no meu blog. Espero ser mais frequente agora, pelo menos, para publicar o meu Diário da Depressão.