Não pude deixar de reproduzir:
De Mario Fragoso, no Facebook
Que cultura é essa, cara-pálida?
Dia desses paro na frente da tevê pra assistir a propaganda eleitoral gratuita. Não é por ali que decido meus votos; mas, de tempos em tempos, confiro as bobagens veiculadas. E daí o sobrinho do senhor rouba, mas faz apresenta "seus" planos para a cultura. Nossa, o cara tem planos até para a cultura? Presto atenção. Da primeira vez, o redator pago com os R$ 186 milhões desviados da venda das ações da Sercomtel, pra mostrar o quando o candidato se interessa pela cultural local, lista alguns eventos importantes. Filo, Festival de Música, de Dança. No dia seguinte, o mesmo texto foi ao ar acrescido do Festival Literário. Quase acreditei que o candidato tem familiaridade com livros, que não o caixa 2.
A ausência de compreensão do que seja cultura, porém, tornou-se nítida quando o boneco de ventríloquo do tri-ladrão, enquanto falava do tema, tinha ao fundo uma cena do filme "Mudança de hábito", estrelado pela genial Woopy Goldberg. Assisti ao filme. Também gosto de cinema de entretenimento. Mercadoria produzida pela indústria cultural com o objetivo único de gerar lucro. Faço parte do Conselho de Cultura de Londrina e não me lembro, pelo menos nas reuniões que participei, de termos discutido a indústria cinematográfica made in USA. Ela não tem nada a ver com a cultura londrinense. Conheço a maior parte dos profissionais que trabalham na campanha do sobrinho e sei que são capazes de explicar ao candidato, nem que seja preciso desenhar, o que seja a cultura londrinense.
Chamo a atenção, neste caso, principalmente dos produtores e agentes culturais londrinenses, sobre o que está acontecendo em nossa cidade nestas eleições. Cabe-nos, já que temos a pretensão de ver e interpretar o mundo de forma crítica, arregaçar as mangas, procurar as melhores palavras e os argumentos adequados para tentar contribuir no sentido de que Londrina não engate a marcha-à-ré nestas eleições. A única cultura que a esta gente interessa é a da coisa mal feita. Da obra superfaturada. Da janela da maternidade que enferruja poucos anos depois de edificada já que construída com material de qualidade duvidosa.
Eu não quero isso pra cidade onde o Giovanni, 6 anos, caminha e se educa para a vida. Nossas crianças não podem crescer acreditando que o roubo faz parte das atribuições dos políticos. Tem que fazer. Tem que fazer bem feito e de acordo com as necessidades da população. E tem que fazer sem roubar. Simples. Esta é a cultura que reivindico pra cidade que escolhi pra ver meus filhos crescerem, pegar os netos no colo se viver o suficiente pra isso e encerrar os meus dias.
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