PENSO, LOGO, BLOGO!

Blog inserido no debate político e de fatos importantes do Município de Londrina (y otras cositas más), que pretende trazer a visão desta jornalista e cidadã londrinense. Lorena Pires Rostirolla (MTB/PR 2.943)

22 de out. de 2010

UMA ATITUDE CIDADÃ

Vejam reportagem do Jornal Gazeta de Joinville com Sheila Canevacci, ex-aluna de Mônica Serra:


MATÉRIA DO DIA 21/10/2010

JORNAL "GAZETA DE JOINVILLE"

Quem é Sheila Canevacci?

Ela foi chamada de “fake” (perfil falso), foi acusada de ser ligada ao PT, de ser ligada ao PSDB. Foi chamada até de mentirosa, no entanto, Sheila Canevacci, não só existe, como é uma profissional de sucesso na sua área, fez mestrado no Canadá e atualmente faz doutorado na PUC de São Paulo. Além disso, ela é casada com um dos mais conceituados antropólogos do país, o professor e escritor Massimo Canevacci que, apesar de ser italiano, roda o Brasil fazendo onde é ovacionado por seus pensamentos.

À beira da lagoa
O facebook levou Sheila Canevacci para o mundo, mas a doutoranda (que gosta de ser chamada de bailarina) está mais perto do que se imagina. Ela e seu marido vivem em Florianópolis onde Massimo é professor visitante da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC).

Em Joinville
No último domingo (17), quando o Brasil tentava descobrir quem era a mulher que revelou o aborto feito pela esposa do candidato a presidência José Serra, seu marido estava em Joinville. Massimo esteve no Bom Jesus Ielusc apresentando um novo conceito de Metrópole. Deixou o local aplaudido de pé por professores e estudantes de história, patrimônio, comunicação, artes e design.

Apenas uma cidadã
Perguntada se estava surpresa com o reboliço em torno de sua declaração, Sheila diz que ficou espantada com o caminho que o caso tomou: “Chocou tanto aos brasileiros que as pessoas que são petistas ficavam me acusando, num primeiro momento, que eu era armação do PSDB. E as pessoas do PSDB ficaram falando que eu era da campanha suja de boatos do PT. Então, acho isso muito interessante porque as pessoas não botam fé, não acreditam, que uma simples cidadã possa se manifestar porque viu um debate” diz a doutoranda.


Entrevista • Sheila Canevacci Ribeiro


O debate
Eu estava na minha casa, sentada, de pijama, assistindo ao debate (no dia 10 de outubro, na TV Bandeirantes). Eu não estava acompanhando nada, nenhuma polêmica. Aí eu ouvi a Dilma falando que a Mônica Serra tinha acusado ela de matar criancinha. E eu me assustei com isso. Pensei: “Ué, que esquisito”. E virei para o meu marido (o antropólogo Massimo) e falei: “Impossível. A Mônica Serra já fez o aborto”.

Silêncio de Serra
Continuei ouvindo o debate e esperei uma resposta do Serra. Como o Serra não falou nada, aquilo ficou na minha cabeça. Pensei assim: “Será que a Mônica Serra falou isso?”. Seria impossível a Mônica Serra falar isso porque ela foi uma vítima da Ditadura Militar que teve, por motivo disso, fazer um aborto. Coisa que ela disse numa classe de aula, numa universidade pública. Aquilo ficou na minha cabeça por causa da não resposta, não posicionamento do Serra.

Facebook
Eu escrevi uma reflexão no meu facebook. Pensando o seguinte: se uma pessoa foi vítima de uma circunstância e foi levada a fazer um aborto, como é que essa pessoa pode ser uma militante fervorosa contra a descriminalização do aborto? Porque isso significaria para mim que aquela pessoa está se incriminando. Se eu falo “o aborto é crime” e eu fiz um aborto, mesmo numa circunstância horrorosa, que é o caso da maioria das pessoas que tem que fazer o aborto, como eu posso querer que isso seja crime?

Comparação
Imagine você estar na sua casa, assistindo televisão, você ouve alguém falando para a mulher do Nelson Mandela que o Nelson Mandela (lutou contra o racismo) é racista. E aí a mulher do Nelson Mandela não fala nada. Eu, na minha casa, como uma cidadã normal vou falar assim: “que estranho”. 

Arrependimento
Sabe que eu não saberia responder. Mas, espontaneamente, vou dizer que não me arrependi pelo seguinte: foi aberto um discurso sobre a questão do aborto. O aborto tem que ser discutido. Porque no estado brasileiro é crime. E eu não acho isso correto. O outro lado é as eleições. Será que eu me arrependo? Não sei se me arrependo. Acho que também não. A única coisa que eu não gosto mesmo, que me dá uma dorzinha, que eu fico triste, é em relação à Mônica Serra como pessoa.

Apoio
Pessoas religiosas mandaram mensagens para mim dizendo que são contra o aborto, mas elogiando minha atitude porque não estão gostando do jeito que a Mônica Serra está usando a religiosidade em prol de uma coisa eleitoreira.

Mônica Serra
Eu respeito a Mônica Serra, assim como respeito todos os meus professores, e adorei que ela compartilhou essa humanidade dela na aula. Porque eu acho que a beleza da universidade é falar de filho, é falar de psicologia, é falar de sorvete. É também falar de coisas tristes de sua vida pessoal, de aborto. Porém, a Mônica Serra não é a mulher do jornalista, do padeiro. Ela não é somente uma professora que falou numa sala de aula uma coisa. Ela é a mulher de um candidato à presidência da república. E o que ela fala e faz conta.

Culpa do Serra
O problema em relação a esse “bafafá” todo, se tem uma pessoa que causou isso, essa pessoa é o José Serra. Porque se ele não tivesse silenciado, não teria acontecido isso.

Medo?
Um jornalista pediu para me proteger. Por quê? Eu não tenho que me proteger.

Revolta dos tucanos
As pessoas, num primeiro momento, ficaram muito reativas. Escreveram mensagens no facebook para mim muito agressivas, muito violentas. Não sou acostumada a viver na violência. Também eu não trabalho com jornalismo, eu não trabalho com política. Eu fiquei muito assustada. Muito mesmo.

Sinceridade
Agora, nesse segundo momento, que as pessoas estão percebendo que eu existo, que eu não sou armação de nada, as pessoas estão assustadas com a minha sinceridade. Essa é a coisa mais interessante que está acontecendo. Estou acostumada que as pessoas conversem sobre as coisas. Sem ficar criticando, acusando.

Ditadura e PSDB
As pessoas ficam falando assim: “o pessoal do PSDB vai te matar”. “Por que eles vão me matar?”. “Porque você acabou com ele”. “Eu não acabei com ninguém. Eu dei um depoimento de pessoa cidadã, de um debate”. Estão falando que vão me matar, que eu vou desaparecer, que eu vou ser
torturada. Pelo que eu saiba estes são os parâmetros da ditadura militar.

Eleitora da Dilma
As pessoas acham que eu sou do PT. Eu sou uma eleitora da Dilma e eu acho que não há problema nenhum falar que sou eleitora da Dilma. Porque os brasileiros, na democracia, têm dois turnos. Tem o primeiro turno com vários candidatos e no segundo turno três opções: Dilma, nulo e Serra. É simples assim.

Colegas de turma
Uma delas que mora em Brasília deu o relato para o Gilberto (do jornal Correio do Brasil), para a segunda matéria. Ela não quis se identificar porque ela tem medo. Eu conversei com ela no facebook também.

Resposta de Serra
Eu não obtive uma resposta do José Serra. Se o José Serra for eleito, eu gostaria de ter um presidente que me responda as coisas. Meu único problema, como brasileira, é esse, não é outro.

http://www.gazetadejoinville.com.br/181020103.html

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